Vampiros


Vampiro é um ser mitológico ou folclórico que sobrevive alimentando-se da essência vital de criaturas vivas (geralmente sob a forma de sangue), independentemente de ser um morto-vivo ou uma pessoa viva.Embora entidades vampíricas tenham sido registradas em várias culturas, possivelmente em tempos tão recuados como a pré-história,o termo vampiro apenas se tornou popular no início do século XIX, após um influxo de superstições vampíricas na Europa Ocidental, vindas de áreas onde lendas sobre vampiros eram freqüentes, como os Balcãs e a Europa Oriental,embora variantes locais sejam também conhecidas por outras designações, como vrykolakas na Grécia e strigoi na Romênia. Este aumento das superstições vampíricas na Europa levou a uma histeria coletiva, resultando em alguns casos na perfuração de cadáveres com estacas e acusações de vampirismo.

Embora mesmo os vampiros do folclore balcânico e da Europa Oriental possuam um vasto leque de aparências físicas, variando de quase humanos até corpos em avançado estado de decomposição, foi em 1819, com o sucesso do romance de John Polidori The Vampyre, que se estabeleceu o arquétipo do vampiro carismático e sofisticado; este pode ser considerado a mais influente obra sobre vampiros do início do século XIX, inspirando obras como Varney the Vampire e eventualmente Drácula.

É, no entanto, o romance de 1897 de Bram Stoker, Drácula, que perdura como a quinta essência da literatura sobre vampiros, e que gerou a base da moderna ficção sobre o tema. Drácula inspirou-se em mitologias anteriores sobre lobisomens e outros demônios lendários semelhantes, e "deu voz às ansiedades de uma era", e aos "medos do patriarcado vitoriano". O sucesso deste livro deu origem a um gênero distinto de vampiro, ainda popular no século XXI, com livros, filmes, jogos de vídeo e programas de televisão.O vampiro é uma figura de tal modo dominante no gênero de terror que a historiadora de literatura Susan Sellers coloca o atual mito vampírico na "segurança comparativa do fantástico [existente] nos pesadelos".


Crenças populares.

A noção de vampirismo existe há milênios; culturas como as da Mesopotâmia, Hebraica, da Grécia Antiga, e a romana continham lendas de demônios e espíritos que são considerados percussores dos modernos vampiros. No entanto, apesar da ocorrência de criaturas do tipo dos vampiros nessas civilizações antigas, o folclore da entidade que conhecemos hoje como vampiro teve origem quase exclusivamente no sudeste da Europa no início do século XVIII,quando as tradições orais de muitos grupos étnicos dessa região foram registrados e publicados. Em muitos casos, os vampiros são espectros de seres malignos, vítimas de suicídio, ou bruxos, mas podem também ser criados quando um espírito maléfico possui um corpo ou quando se é mordido por um vampiro. A crença em tais lendas penetrou tanto em algumas regiões que causou histeria coletiva e até execuções públicas de pessoas que se acreditavam serem vampiros.

Descrição e atributos comuns.

É difícil fazer uma descrição única e final do vampiro da tradição popular, embora exista uma série de elementos comuns a muitas das lendas européias. Os vampiros são muitas vezes descritos como de aparência inchada, e com uma coloração rósea, púrpura ou escura; estas características são frequentemente atribuídas a uma recente ingestão de sangue. De fato, o sangue é muitas vezes visto perpassando da boca e nariz quando um vampiro era visto no seu caixão ou mortalha, e o olho esquerdo fora deixado aberto.O vampiro estaria envolto na mortalha de linho em que havia sido enterrado, e os seus dentes, cabelo e unhas poderiam apresentar algum crescimento, embora em geral os dentes pontiagudos não fossem uma característica.

Geração.

As causas da geração de vampiros eram muitas e variadas nas antigas tradições populares. No folclore eslavo e chinês, qualquer corpo que fosse acometido por um animal, em particular um cão ou gato, temia-se que se tivesse tornado num morto-vivo.Um corpo com uma ferida que não houvesse sido tratada com água fervente estaria também em risco. No folclore russo, dizia-se que os vampiros haviam sido em tempos bruxos ou pessoas que se revoltaram contra a Igreja Ortodoxa Russa quando ainda eram vivas.
Surgiram muitas vezes práticas culturais que tinham por objetivo impedir que o ente amado recentemente falecido se tornasse num morto-vivo. Enterrar um corpo de cabeça para baixo era algo muito difundido, assim como a colocação de objetos terrenos, como gadanhas ou foices, perto da cova, com o fim de satisfazer qualquer demônio que entrasse no corpo, ou para apaziguar os mortos por forma a que estes não quisessem levantar-se da tumba. Este método assemelha-se à prática da Grécia Antiga de colocar uma moeda na boca dos corpos, para pagar o frete da barca de Caronte na travessia do Estige, no submundo; foi argumentado que a moeda não teria essa finalidade, mas a de colocar em guarda qualquer espírito maléfico que tentasse entrar no corpo, e isto pode ter influenciado tradições vampíricas mais tardias. Esta tradição persistiu no folclore grego moderno dos vrykolakas, no qual uma cruz de cera e um caco de barro com a inscrição "Jesus Cristo conquista" eram colocados no corpo por forma a prevenir que este se tornasse num vampiro.Outros métodos comumente praticados na Europa incluíam cortar os tendões das pernas ou colocar sementes de papoila, milhetes, ou areia no chão perto da cova de um suposto vampiro; isto destinava-se a manter o vampiro ocupado toda a noite contando os grãos,indicando uma associação entre vampirismo e aritmomania. Narrativas chinesas semelhantes referem que se um ser vampírico encontra um saco de arroz, sente-se obrigado a contar todos os grãos; este tema pode ser encontrado igualmente nos mitos do subcontinente indiano, assim como nas lendas da América do Sul de bruxaria e outra espécie de espíritos ou seres malignos ou nefastos.
No folclore albanês, o dhampir é o filho do karkanxholl ou lugat. Se o karkanxholl dorme com a sua mulher, e esta fique grávida, a geração é chamada dhampir e possui a qualidade única de poder identificar o karkanxholl; daqui deriva a expressão o dhampir conhece o lugat. O lugat não é visível, e pode apenas ser morto pelo dhampir, o qual ele próprio é habitualmente filho de um lugat. Em diversas regiões, animais podem voltar a este mundo como lugats; e, do mesmo modo, pessoas vivas durante o sono. Dhampiraj é também um sobrenome albanês.

Identificação.

Foram usados muitos rituais elaborados por forma a se conseguir identificar um vampiro. Um dos métodos de encontrar o túmulo de um vampiro envolvia levar um rapaz virgem através de um cemitério ou chão de igreja, montado num garanhão virgem - o cavalo supostamente vacilaria no túmulo em questão.Geralmente era necessário um cavalo preto, embora na Albânia este devia ser branco.O aparecimento de buracos na terra que cobrisse um túmulo era visto como um sinal de vampirismo.
Corpos que se pensavam serem de vampiros eram geralmente descritos como tendo uma aparência mais saudável que o esperado, roliços e mostrando poucos ou nenhuns sinais de decomposição.Em alguns casos, quando túmulos suspeitos eram abertos, os habitantes locais chegaram a descrever o corpo como tendo o sangue fresco de uma vítima espalhado por toda a cara.Os sinais de que um vampiro estava ativo numa dada localidade incluíam a morte de gado, ovelhas, parentes ou vizinhos. Os vampiros da tradição popular podiam também fazer sentir a sua presença servindo-se em pequena escala de atividades do tipo poltergeist, tal como atirar pedras aos telhados ou mover objetos do interior das habitações, e exercendo pressão sobre pessoas durante o sono.

Proteção

Apotropia

Itens com qualidades apotropaicas, capazes de afastar as almas do outro mundo, são comuns no folclore vampírico. O alho é um exemplo comum, e ramos de roseira silvestre e pilriteiro têm fama de poder ferir vampiros, e na Europa diz-se que espalhar sementes de mostarda no telhado das casas consegue afasta-los.Outros apotropaicos incluem itens sagrados, como crucifixos, rosários, ou água benta. Diz-se que os vampiros não conseguem pisar em chão sagrado, tal como o das igrejas e templos, ou atravessar água corrente.Embora não sejam habitualmente vistos como apotropaicos, os espelhos têm sido usados para afastar vampiros quando colocados em portas, virados para o exterior. Em algumas culturas, os vampiros não possuem reflexo e por vezes não produzem sombra, possivelmente como manifestação da ausência de alma no vampiro.Este atributo, embora não universal (os vrykolakas/tympanios gregos são capazes de gerar tanto reflexo como sombra), foi usado por Bram Stoker em Drácula e permaneceu popular em autores e realizadores de cinema posteriores.Algumas tradições asseguram também que um vampiro não consegue entrar numa casa a menos que seja convidado pelo seu proprietário, embora após o primeiro convite possa entrar e sair sempre que quiser.Não obstante os vampiros da tradição popular sejam tidos como mais ativos à noite, não são geralmente considerados vulneráveis à luz solar.


Conjunto de objetos usados na luta contra vampiros

Métodos de destruição.

Os métodos de destruição de supostos vampiros variam, sendo o empalamento o método mais comummente citado, em particular nas culturas eslavas meridionais.O freixo é a madeira preferida na Rússia e estados bálticos para a confecção da estaca,ou o pilriteiro na Sérvia, havendo um registro de ter sido usado carvalho na Silésia para o mesmo efeito.Vampiros em potencial são muitas vezes perfurados com estacas através do coração, embora na Russia e Alemanha setentrional o alvo fosse a boca,e no nordeste da Sérvia o estômago.A perfuração da pele do peito era um método usado para "esvaziar" o vampiro inchado; isto apresenta semelhanças com o hábito de enterrar objetos afiados, como foices, junto com os corpos, de modo a penetrarem a pele se o corpo inchasse o suficiente durante a transformação em morto-vivo.
A decapitação era o método preferido na Alemanha e regiões eslavas ocidentais, sendo a cabeça enterrada entre os pés, detrás das nádegas ou sobre o corpo.Este ato era visto como um modo de apressar a partida da alma, que se acredita em algumas culturas que ronde o corpo durante algum tempo após a morte. A cabeça, corpo e roupas do vampiro podem também ser perfurados e pregados à terra por forma a evitar que se levantem.Os povo cigano enfiam agulhas de aço ou ferro no coração do corpo e coloca pedaços de aço na boca, sobre os olhos, orelhas, e entre os dedos na ocasião do funeral. Também colocam pilriteiro na mortalha ou enfiam uma estaca de pilriteiro através das pernas. Num enterro datado do século XVI perto de Veneza, um tijolo forçado pela boca de um corpo feminino foi interpretado como um ritual destinado a matar vampiros pelos arqueólogos que o descobriram em 2006.Outros métodos incluíam derramar água fervente sobre a campa ou a incineração total do corpo. Nos Balcãs, um vampiro pode ainda ser morto a tiro ou afogado, repetindo as exéquias, salpicando água benta sobre o corpo, ou através de um exorcismo. Na Roménia pode ser colocado alho na boca, e em tempos tão recentes como o século XIX uma bala era disparada através do caixão como medida de precaução. Em caso de resistência, o corpo era desmembrado e as partes queimadas, misturadas com água, e dadas a beber aos familiares como cura. Nas regiões saxónicas da Alemanha, um limão era colocado na boca de corpos suspeitos de serem vampiros.

Crenças antigas.


Lendas sobre seres sobrenaturais que se alimentam do sangue ou carne dos vivos têm sido encontradas em praticamente todas as culturas à volta do mundo desde há muitos séculos.Hoje em dia associaríamos essas entidades a vampiros, mas na antiguidade esse termo não existia; o consumo de sangue e outras atividades semelhantes eram atribuídos a demônios ou espíritos comedores de carne e bebedores de sangue; mesmo o Diabo era considerado como um sinônimo de vampiro.Quase todas as nações têm associado o ato de beber sangue com algum tipo de alma de outro mundo ou demônio, ou em alguns casos uma divindade. Na Índia, por exemplo,  existi as lendas de vetālas, seres semelhantes a espíritos malignos que habitam os corpos, foram compilados no Baitāl Pacīsī; um importante conto do Kathāsaritsāgara  que versa sobre o rei Vikramāditya e as suas expedições noturnas para capturar um destes seres malignos.Piśāca, os espíritos de quem fez o mal ou morreu louco, retornados à terra, também possuem atributos vampíricos.
Os persas foram uma das primeiras civilizações onde se registraram lendas de demônios bebedores de sangue: criaturas tentando beber sangue humano estão representadas em cacos de olaria desenterrados.Na Antiga Babilônia e na Assíria existiam lendas sobre a mítica Lilitu, sinônimo e origem de Lilith (Hebraico לילית) e as suas filhas, as Lilu, da demonologia hebraica. Lilitu era considerada um demônio e muitas vezes representada alimentando-se do sangue de bebês.Dizia-se que as Estrias, demônios bebedores de sangue e de forma feminina mutável, perambulavam à noite por entre a população, em busca de vítimas. De acordo com Sefer Hasidim, as Estrias eram criaturas geradas nas horas de crepúsculo que precederam o descanso de Deus.Uma Estria ferida podia ser curada ao comer pão e sal dados pelo seu atacante.
As antigas mitologias grega e romana descrevem as Empusas, Lâmias, e estirges. Ao longo dos tempos, os dois primeiros termos foram usados genericamente para descrever bruxas e demônios, respectivamente. Empusa era filha da deusa Hécate e descrita como uma criatura demoníaca com pés de bronze, que se banqueteava em sangue transformando-se numa jovem mulher e seduzindo homens durante o sono antes de lhes beber o sangue.As Lâmias depredavam crianças pequenas nas suas camas durante a noite, bebendo-lhes o sangue, tal como faziam as gelloudes ou Gello.Tal como as Lâmias, as estirges banqueteavam-se com crianças, mas também depredavam jovens rapazes. Eram descritas como tendo corpo de corvo, ou genericamente de pássaro, e foram mais tarde incorporadas na mitologia romana como strix, um tipo de pássaro noturno que se alimentava de carne e sangue humano.

Folclore europeu medieval e posterior.

Muitos dos mitos que rodeiam os vampiros tiveram origem durante a Idade Média. No século XII os historiadores e cronistas ingleses Walter Map e William de Newburgh registraram episódios de mortos-vivos,embora sejam raros os registros de seres vampíricos nas lendas inglesas após esta data.O norueguês arcaico draugr é outro exemplo de uma criatura morta-viva com semelhanças aos vampiros.

Os vampiros propriamente ditos surgem com a grande divulgação do folclore da Europa Oriental no final do século XVII e início do século XVIII. Estas lendas formam a base da tradição vampírica que mais tarde penetrou na Alemanha e Inglaterra, onde foi posteriormente acrescentada e popularizada. Um dos primeiros registros de atividade vampírica ocorreu na região da Ístria, na atual Croácia, em 1672.Os registros locais referem o vampiro Giure Grando que habitava nessa região, na aldeia de Khring, perto de Tinjan, como causa de pânico entre os aldeões. Giure, que fora camponês, morreu em1656, mas os aldeões locais afirmavam que retornara dos mortos e começara a beber o sangue das pessoas, e a assediar sexualmente a sua viúva. O chefe da aldeia ordenou que uma estaca fosse enterrada no seu coração, mas quando este método não se revelou suficiente para mata-lo, usaram a decapitação com melhores resultados.

Durante o século XVIII houve um frenesi de aparições de vampiros na Europa Oriental, sendo freqüentes os estacamentos e escavações de sepulturas com o fim de identificar e matar mortos-vivos em potencial; até mesmo funcionários do governo envolveram-se na caça e estacamento de vampiros.Apesar de vulgarmente chamado de Iluminismo, durante o qual muitas lendas e mitos populares foram debelados, a crença em vampiros cresceu dramaticamente nesta época, resultando numa histeria coletiva que afetou a maioria da Europa.O pânico teve início num surto de alegados ataques de vampiros na Rússia Oriental em 1721 e na Monarquia de Habsburgo de 1725 a 1734, que se propagou a outras localidades. Dois casos famosos de vampirismo, os primeiros a serem oficialmente registrados, envolveram os corpos de Pedro Plogojowitz e Arnold Paole, da Sérvia. Plogojowitz era tido como tendo morrido aos 62 anos, mas alegadamente voltou depois de morto para pedir comida ao filho. Quando o filho recusou, foi encontrado morto no dia seguinte. Plogojowitz supostamente voltou e atacou alguns vizinhos, os quais morreram por perda de sangue. No segundo caso, Paole, um antigo soldado tornado camponês, o qual alegadamente fora atacado por um vampiro alguns anos antes, morreu na ceifa do feno. Após a sua morte começaram a morrer pessoas das redondezas, e acreditava-se largamente que Paole tinha retornado dos mortos para depredar os antigos vizinhos. Outra lenda sérvia famosa que envolvia vampiros girava em torno de um certo Sava Savanović que vivia numa fazenha, matando os moleiros e bebendo o seu sangue. Este personagem foi mais tarde usado num conto escrito pelo escritor sérvio Milovan Glišić, e no filme de terror sérvio de 1973 Leptirica, inspirado por essa história.

Ambos os incidentes estão bem documentados: funcionários do governo examinaram os corpos, escreveram relatórios oficiais, e publicaram livros divulgados por toda a Europa.A histeria, comummente referida como a "Controvérsia Vampírica do Século XVIII", causou furor durante uma geração. A questão foi exacerbada por epidemias rurais de alegados ataques vampíricos, sem dúvida causados pelo alto grau de superstição presente nas comunidades aldeãs, com habitantes locais desenterrando corpos e, em alguns casos, penetrando-os com estacas. Embora muitos estudiosos afirmassem nesta época que os vampiros não existiam, e atribuíssem estes registros a enterros prematuros ou raiva, a superstição recrudesceu. Dom Augustine Calmet, um respeitado teólogo e estudioso francês, coligiu um exaustivo tratado em 1746, o qual era ambíguo no que respeitava à existência de vampiros. Calmet juntou uma série de registros de incidentes vampíricos; numerosos leitores, incluindo tanto um crítico Voltaire como vários demonologistas, que o apoiavam, interpretaram o tratado como postulando a existência de vampiros. No seu Dicionário Filosófico, Voltaire escreveu:

Esses vampiros eram cadáveres, que à noite saíam das suas campas para sugar o sangue dos vivos, tanto pela garganta como pelo estômago, após  este ato retornavam aos seus cemitérios. As pessoas que assim eram sugadas definhavam, empalideciam, e consumiam-se; por outro lado os cadáveres sugadores tornavam-se gordos, rosados, e exibiam um excelente apetite. E foi na Polônia, Hungria, Silésia, Moravia, Áustria, e Lorena, que os mortos andaram pregando estas partidas.

A controvérsia apenas teve fim quando a Imperatriz Maria Teresa da Áustria enviou o seu médico particular, Gerard van Swieten, com o objetivo de investigar as alegações sobre entidades vampíricas. Este concluiu que os vampiros não existiam, e a Imperatriz fez passar leis proibindo a abertura de campas e a profanação de cadáveres, anunciando o final das epidemias vampíricas. Apesar desta condenação, o vampiro sobreviveu em trabalhos artísticos e nas superstições locais.


Crenças fora da Europa.

África

Em diversas regiões de África é possível encontrar lendas e tradições populares de seres com características vampíricas: Na África Ocidental o povo Axânti fala de um ser de dentes de ferro que vive nas árvores, o asanbosam, e os Ewés do adze, que pode tomar a forma de um vaga-lume e caça crianças. A região do Cabo Oriental tem o impundulu, que pode tomar a forma de um grande pássaro com garras e é capaz de invocar raios e trovões, o povo Betsileo de Madagáscar fala sobre Doramanga, um fora da lei ou vampiro vivente que bebe sangue e come as aparas das unhas dos nobres. 
Em Moçambique existe um mito persistente sobre "dragões chupa sangue" que atacam a população durante a noite. Já em 1498, quando Vasco da Gama arribou ao porto de Quelimane, deparou-se com estranhos cultos, que perduraram até bem dentro do século XVII, de seres sobrenaturais que saiam durante a noite para se alimentarem do sangue de pessoas e animais, causando-lhes por vezes a morte. 

Américas.

O Loogaroo é um exemplo de como uma crença vampírica pode ser o resultado de uma combinação de crenças, no caso uma mistura de influências francesas e de Vodu africano, ou voodoo. O termo Loogaroo possivelmente deriva do francês loup-garou, que significa "lobisomem", e é comum na cultura das Ilhas Maurícias. No entanto, as histórias sobre o Loogaroo estão difundidas pelas ilhas do Caribe e pela Luisiana e nos Estados Unidos. A Soucouyant da Trinidad, e a Tunda e Patasola do folclore Colombiano, são monstros femininos de tradição semelhante, enquanto que os Mapuches do Chile meridional têm a cobra sugadora de sangue conhecida como Peuchen. Aloe vera pendurado do avesso detrás ou perto de uma porta é tido como eficaz no afastamento de seres vampíricos nas superstições sul americanas.A mitologia asteca possui lendas sobre os Cihuateteo, espíritos com cara de esqueleto pertencentes àqueles que morreram ao nascerem, que raptavam crianças e tinham relações sexuais com os vivos, levando-os à loucura. 
Durante o final do século XVIII e no XIX, a crença em vampiros estava largamente difundida em partes da Nova Inglaterra, em particular em Rhode Island e no Connecticut oriental. Existem muitos casos documentados de famílias que desenterraram os seus entes queridos e lhes removeram o coração, por acreditarem que o falecido era um vampiro responsável pelas doenças e mortes que afligiam a família, embora o termo "vampiro" nunca houvesse sido usado para descrever o morto. Acreditava-se que a doença fatal da tuberculose, ou "consumação", como era conhecida na época, era causado por visitas noturnas de algum membro da família que houvesse morrido ele próprio de consumação. O caso de suspeita de vampirismo mais famoso, e de registro mais recente, foi o de Mercy Brown, que morreu aos 19 anos em Exeter, Rhode Island em 1892. O seu pai, assistido pelo médico da família, removeu-a da tumba dois meses após a sua morte, removeu-lhe o coração e queimou-o até ficar em cinza.

Ásia.

As modernas crenças vampíricas, enraizadas em folclore mais antigo, propagaram-se por toda a Ásia, desde as lendas das entidades maléficas do tipo ghoul encontradas no continente, aos seres vampíricos das ilhas do Sudoeste Asiático.
A Ásia Meridional também desenvolveu as suas próprias lendas vampíricas. O Bhūta ou Prét é a alma de um homem que morreu de morte prematura. Este vagueia pelas redondezas animando cadáveres à noite, e atacando os vivos, muito ao modo do ghoul.No norte da Índia existe o BrahmarākŞhasa, uma criatura vampírica com a cabeça rodeada por intestinos e uma caveira, de onde bebe sangue. A figura do Vetāla, presente nas lendas da Ásia Meridional, pode por vezes ser descrita como "vampiro".
Embora os vampiros marquem presença no cinema japonês desde o final dos anos 1950, o folclore que lhes está associado tem origem ocidental. No entanto, o Nukekubi, presente na cultura japonesa, é um ser cuja cabeça e pescoço separa-se do corpo para voar em redor em busca de presas humanas durante a noite.

Lendas de seres femininos semelhantes a vampiros que são capazes de separar partes superiores do seu corpo também ocorrem nas Filipinas, Malásia e Indonésia. Existem dois tipos principais de criaturas vampíricas nas Filipinas: o mandurugo ("chupador de sangue") do povo Tagalog, e o manananggal ("auto-segmentador") dos Visayan. O mandurugo é uma variedade de aswang que toma a forma de uma atraente jovem durante o dia, e à noite ganha asas e uma longa e oca língua semelhante a um fio. A língua é usada para chupar o sangue das vítimas durante o sono. O manananggal é descrito como uma bela mulher mais velha que o mandurugo, capaz de cortar a parte superior do seu torso de modo a voar durante a noite com enormes asas semelhantes às dos morcegos, depredando mulheres grávidas durante o sono em suas casas sem que estas possam apercebê-la. Usa uma língua alongada em forma de tromba para sugar os fetos dessas mulheres grávidas. Também gostam de comer as entranhas (em especial o coração e o fígado) e a fleuma de pessoas doentes.
Estátua no exterior do Templo da Floresta dos Macacos em Ubud, no Bali, Indonésia.

O Penanggalan malaio pode ser uma bela mulher tanto velha como nova que obteve a sua beleza através do uso ativo de magia negra ou outros meios sobrenaturais, é geralmente descrita no folclore local como sendo de natureza sombria ou demoníaca. Esta consegue separar a cabeça com as suas presas aguçadas, a qual esvoaça pelas redondezas durante a noite em busca de sangue, tipicamente de mulheres grávidas. Os malaios costumam pendurar jeruju (cardos) à volta das portas e janelas das casas, na esperança que o Penanggalan não entre por aí com medo de ficar com os intestinos presos aos espinhos. O Leyak é um ser semelhante do folclore balinês. Um Kuntilanak ou Matianak na Indonésia, ou Pontianak ou Langsuir na Malásia, é uma mulher que morreu durante a infância e tornou-se morta-viva, em busca de vingança e aterrorizando as aldeias. Toma a forma de uma atraente mulher com longo cabelo preto que esconde um buraco na parte posterior do pescoço, o qual usa para sugar o sangue das crianças. O preenchimento desse buraco com o seu próprio cabelo terá o efeito de afasta-la. Colocavam-se contas de vidro na boca dos cadáveres, e ovos de baixo de cada axila, e agulhas nas palmas das mãos, por forma a impedir que se tornassem num langsuir.
Jiang Shi (chinês tradicional: 僵屍 or 殭屍, chinês simplificado: 僵尸, pinyin: jiāngshī; literalmente "cadáver rígido"), muitas vezes chamados de "vampiros chineses" pelos ocidentais, são cadáveres reanimados que vagueiam pelas redondezas, matando criaturas vivas para lhes extrair a essência vital (qì). Diz-se que são criados quando a alma de alguém (魄 pò) não consegue abandonar o corpo do de funto.No entanto, há quem coloque em causa a comparação entre jiang shi e vampiros, uma vez que os jiang shi são geralmente criaturas irracionais sem vontade própria.Uma característica pouco habitual deste monstro é ter a pele coberta por uma pelagem branco-esverdeada, possivelmente derivada de fungos ou musgo crescendo sobre os cadáveres.

Era moderna.

Apesar da descrença geral em entidades vampíricas, têm sido registradas aparições ocasionais de vampiros. De fato, ainda existem associações dedicadas à caça ao vampiro, embora tenham sido formadas largamente por motivos sociais. 
No início de 1970, a imprensa local propagou rumores sobre um vampiro que assombrava o cemitério londrino de Highgate. Caçadores de vampiros amadores afluíram em largos números ao cemitério, e foram escritos muitos livros sobre o caso, notavelmente por Sean Manchester, um habitante local que esteve entre os primeiros a sugerir a existência do "Vampiro de Highgate", e que mais tarde afirmou ter exorcizado e destruído todo um ninho de vampiros naquela área. Em Janeiro de 2005 circularam rumores sobre um atacante que teria mordido uma série de pessoas em Birmingham, na Inglaterra, alimentando receios sobre um vampiro a vaguear pelas ruas. No entanto, a polícia local afirmou que tais crimes nunca foram reportados, e que o caso parece não ser mais que uma lenda urbana. 
No Outono de 1977 foi registrado em Belém do Pará, no Brasil, o que foi descrito como uma estranha praga de vampirismo, envolvendo um "vampiro luminoso" que teria ocasionado a morte de algumas pessoas por perda de sangue, e ferimentos em várias outras.

Um dos mais notáveis casos de entidades vampíricas da era moderna, o chupa cabra de Porto Rico e do México, é descrito como sendo uma criatura que se alimenta da carne e bebe o sangue de animais domésticos, levando ao que alguns o considerem um tipo de vampiro. A "histeria do chupa cabra" tem sido frequentemente associada a profundas crises econômicas e políticas, em particular em meados dos anos 1990. 
Em Moçambique, na região de Quelimane, alegados incidentes de vampirismo têm levado a que parte da população saia das suas casas e passe a noite em edifícios públicos por medo dos "chupadores de sangue". Em 1996 a Rádio Moçambique noticiou o estranho caso de um cadáver que levantou do túmulo e percorreu as ruas de Nampula, logo após encontraram vários cadáveres sangrados de pessoas e animais.

Alegações de ataques de vampiros varreram o país africano do Malawi em finais de 2002 e inícios de 2003, com multidões apedrejando um indivíduo até à morte e atacando pelo menos outros quatro, incluindo o Governador Eric Chiwaya, baseados na crença que o governo estava em conluio com vampiros.

Venda de recordações do Drácula em Sighişoara, na Transilvânia



Na Europa, onde muito do folclore vampírico teve origem, o vampiro é considerado como um ser fictício, embora muitas comunidades tenham acolhido e acarinhado a criatura por motivos econômicos. Em alguns casos, especialmente em pequenas localidades, a superstições sobre vampiros ainda está bem enraizadas, e ás aparições e relatos sobre ataques de vampiros ocorrem frequentemente. Na Romênia, em Fevereiro de 2004, muitos parentes de Toma Petre recearam que este se tivesse tornado num vampiro, e desenterraram o seu corpo, extraíram o coração, queimaram-no e misturaram as cinzas com água para que pudessem beber.
Em 2006, um professor de física da universidade da Flórida Central escreveu um artigo argumentando a impossibilidade matemática da existência de vampiros, baseado na progressão geométrica. De acordo com o artigo, se o primeiro vampiro tivesse aparecido a 1 de Janeiro de 1600, e se tivesse alimentado uma vez por mês (que é menos que o que é representado no cinema e no folclore), e se todas as vítimas se tornassem vampiros, em cerca de dois anos e meio toda a população humana existente à época teria se tornado vampira.O artigo não faz qualquer tentativa de resolver a questão da credibilidade do pressuposto que toda a vítima de um vampiro se transforma noutro vampiro.
O vampirismo e o estilo de vida vampírico representam também uma parte relevante dos movimentos ocultistas atuais. O mito do vampiro, as suas qualidades mágicas e sedutoras, e o arquétipo de predador, expressam um forte simbolismo que pode ser usado em técnicas que envolvam uso de ritual e de energia, e em mágica, podendo mesmo ser adotada como sistema espiritual. Vampiro há séculos que faz parte da sociedade ocultista européia, e também se difundiu na sub-cultura americana há mais de uma década, com forte influência e mistura das estéticas neo-góticas.

Nome coletivo.

'Coven' ('Conciliábulo') tem sido usado como nome coletivo para vampiros, possivelmente devido ao uso do mesmo tempo na sub-cultura Wicca. Um nome coletivo alternativo é 'casa' de vampiros. David Malki, autor de Wondermark, sugere em Wondermark #566 o uso do nome coletivo 'cave' , como em "uma cave de vampiros."

Origens das crenças vampíricas.

Le Vampire, litografia de R. de Moraine em Féval (1851-1852).
Têm sido sugeridas muitas teorias sobre as origens das crenças em vampiros, tentando explicar a superstição - e por vezes histeria coletiva - causadas por vampiros. As hipóteses explicativas variam desde enterramentos prematuros até à ignorância inicial sobre o ciclo de decomposição após a morte.

Espiritualismo eslavo.

Embora muitas culturas possuam superstições sobre mortos-vivos comparáveis ao vampiro da Europa de Leste, o vampiro da mitologia eslava é o que tem prevalecido no conceito de vampiro da cultura popular. As raízes das crenças vampíricas presentes na cultura eslava baseiam-se em grande medida nas crenças e práticas espirituais dos povos eslavos existentes antes da sua cristianização, e no seu entendimento da vida após a morte. Apesar da falta de registros proto-eslavos pré-cristianismo que descrevam os detalhes da "Antiga Religião", muitas crenças espirituais e rituais pagãos foram mantidos pelos povos eslavos mesmo após a cristianização das suas terras. Exemplos dessas crenças incluem o culto dos mortos, espíritos domésticos, e crenças sobre a alma após a morte. As origens das crenças vampíricas nas regiões eslavas podem ser traçadas até à complexa estrutura da espiritualidade eslava.
Os demônios e espíritos serviam funções importantes nas sociedades eslavas pré-industriais, e eram considerados como sendo muito intervenientes nas vidas e domínios dos humanos. Alguns espíritos eram benevolentes e podiam ajudar nas tarefas humanas, outros eram daninhos e muitas vezes destrutivos. Domovoi, Rusalka, Vila, Kikimora, Poludnitsa, e Vodyanoy são exemplos dessas entidades. Estes espíritos eram considerados como tendo derivado de antepassados ou determinados humanos já falecidos, e podiam aparecer segundo a sua vontade sob várias formas, incluindo de diferentes animais ou sob a forma humana. Alguns destes espíritos podiam ainda participar em atividades malévolas, por forma a prejudicar os humanos, tais como os afogando, impedindo as colheitas, ou sugando o sangue do gado e por vezes até dos próprios humanos. Desse modo, os eslavos eram obrigados a apaziguar esses espíritos, por forma a prevenir que usassem o seu potencial para comportamentos erráticos e destrutivos.

As crenças eslavas comuns denotam uma forte distinção entre alma e corpo. A alma não é considerada como perecível. Os eslavos acreditavam que após a morte, a alma viajaria para fora do corpo, e vaguearia pelas vizinhanças e pelo antigo local de trabalho do defunto durante quarenta dias antes da passagem final para a vida eterna. Por este motivo era considerado necessário deixar aberta uma janela ou porta da casa, de modo a que a alma pudesse entrar e sair a seu bel-prazer. Durante este tempo acreditava-se que a alma tinha a capacidade de reentrar no corpo do defunto. Tal como os espíritos atrás mencionados, a alma passageira tanto podia abençoar como causar destroço entre a sua família e vizinhos durante os quarenta dias que duravam a passagem. Após a morte do indivíduo, era feito um esforço considerável na correta execução dos ritos fúnebres por forma a assegurar a pureza e pacificação da alma durante a sua separação do corpo. A morte de uma criança não batizada, uma morte violenta ou prematura, ou a morte de um grande pecador (como um feiticeiro ou pecador), tudo isso eram motivos para causar impureza à alma após a morte. A alma podia ainda tornar-se impura se ao seu corpo não fosse dado um enterro apropriado. Alternativamente, um corpo sem um funeral apropriado poderia tornar-se suscetível à possessão por parte de outras almas e espíritos impuros. Os eslavos temiam estas almas impuras devido ao seu potencial para exercer vinganças.

Destas crenças profundamente arraigadas sobre a morte e alma deriva a invenção do conceito eslavo do vampir. O vampiro era a manifestação de um espírito impuro em possessão de um corpo em decomposição. Esta criatura morta-viva era considerada como vingativa e ciumenta em relação aos vivos, e sedenta do sangue dos vivos, essencial para suportar a sua existência corporal. Embora este conceito de vampiro exista em formas diversas pelos países eslavos e alguns dos seus vizinhos não eslavos, é possível traçar o desenvolvimento da crença em vampiros ao espiritualismo eslavo que antecedeu a cristianização das regiões eslavas.

Patologia.

Decomposição.

Paul Barber no seu livro Vampires, Burial and Death argumentou que a crença em vampiros resultava da tentativa por parte das sociedades pré-industriais em explicar o processo de decomposição que, embora sendo algo natural, era para eles inexplicável.

Por vezes o povo suspeitava de vampirismo quando um cadáver não se parecia com a idéia que tinham do aspecto que deveria ter um corpo desenterrado. No entanto, as taxas de decomposição variam de acordo com a temperatura e composição do solo, e muitos dos sinais de decomposição são pouco conhecidos. Isto levou caçadores de vampiros a concluir erradamente que um corpo não havia sofrido qualquer decomposição ou, ironicamente, a interpretar sinais de decomposição como sinais de vida após a morte.

Os cadáveres incham à medida que os gases resultantes da decomposição se acumulam no torso, e o aumento de pressão força o sangue a derramar-se pela boca e nariz. Isto faz com que o corpo pareça "roliço", "bem alimentado", e "rosado" — alterações que são ainda mais evidentes caso o defunto fosse magro ou pálido em vida. No caso de Arnold Paole, o corpo exumado de uma mulher idosa foi julgado pelos seus vizinhos como mais roliço e saudável que o que ela alguma vez fora em vida. 

O sangue perpassando do corpo dava a impressão do corpo ter estado envolvido recentemente em atividade vampírica. O escurecimento da pele era, do mesmo modo, resultado da decomposição. O estacamento de um corpo inchado e em decomposição causaria o sangramento do corpo, e forçaria o escape dos gases acumulados, o qual poderia causar um som semelhante a um gemido à medida que os gases se moviam através das cordas vocais, ou um som semelhante à flatulência quando passassem pelo ânus. Os registros oficiais do caso de Pedro Plogojowitz referem "outros sons selvagens que não mencionarei por certos respeitos".

Após a morte a pele e gengivas perdem fluídos e contraem-se, expondo as raízes do cabelo, as unhas, dentes, e mesmo dentes que até então estavam ocultos na mandíbula. Isto pode produzir a ilusão do cabelo, unhas e dentes terem crescido após a morte. Num certo ponto, as unhas caem e a pele escama, tal como registrado no caso Plogojowitz — a derme e as partes inferiores das unhas emergindo foram interpretadas como "nova pele" e "novas unhas".

Enterrado prematuramente.

Foi também sugerido que as lendas sobre vampiros possam ter sido influenciadas por indivíduos que foram enterrados vivos devido às deficiências do conhecimento médico da época. Em alguns casos em que foram reportados sons que emanavam de um caixão em particular, este foi mais tarde desenterrado e foram descobertas marcas de unhas no interior, causadas pela vítima tentando escapar. Em outros casos a pessoa bateria com a cabeça, nariz ou face contra o caixão, e os ferimentos causados dariam à impressão de que teria estado a se "alimentar.” Um problema desta teoria é a questão de como alguém supostamente enterrado vivo conseguia manter-se vivo por um período de tempo alargado sem comida, água e ar fresco. Uma explicação alternativa para os ruídos é o barulho causado pelos gases ao escaparem durante a decomposição natural dos corpos. Outra causa provável de serem encontradas campas em desordem são os ladrões de túmulos.

Contágio.

O vampirismo da tradição popular tem sido associado a grupos de mortes causadas por doenças misteriosas ou não identificadas, habitualmente dentro da mesma família, ou pequena comunidade. A referência epidêmica é óbvia em casos clássicos como o de Pedro Plogojowitz e Arnold Paole, e mais ainda no caso de Mercy Brown e de modo geral nas crenças vampíricas da Nova Inglaterra, onde uma doença em particular, a tuberculose, estava associada aos surtos de vampirismo. Tal como na forma pneumônica da peste bubônica, esta doença estava associada ao rompimento do tecido pulmonar, causando o aparecimento de sangue nos lábios.

Porfiria.

Em 1985 o bioquímico David Dolphin propôs uma ligação entre um raro distúrbio sanguíneo conhecido como porfiria e o folclore vampírico. Reparando que essa condição é tratada com hemo intravenoso, Dolphin sugeriu que o consumo de grandes quantidades de sangue poderia resultar de alguma maneira no transporte do hemo através da parede do estômago e para a corrente sanguínea. Desta maneira, os vampiros eram meros indivíduos sofredores de porfiria que procuravam substituir o hemo e aliviar os sintomas. Esta teoria tem sido desmontada pelo meio médico, uma vez que as sugestões sobre os afetados por porfiria desejarem a ingestão do hemo no sangue humano, ou que o consumo de sangue possa atenuar os sintomas da doença, são baseados numa compreensão errada da doença. Adicionalmente, constatou-se que Dolphin confundira os vampiros fictícios (sugadores de sangue) com os do folclore, muitos dos quais não eram conhecidos por beberem sangue.

Do mesmo modo, foi estabelecido um paralelo com a sensibilidade à luz do Sol por parte dos afetados por porfiria, quando esta condição está associada aos vampiros fictícios, e não aos da tradição popular. Em todo o caso, Dolphin não chegou a dar mais divulgação aos seus trabalhos. Embora tenha sido posto de parte pelos peritos, a ligação entre vampirismo e porfiria conseguiu a atenção dos médiuns. E entrou ela própria no folclore da moderna cultura pop.
Raiva

A raiva tem sido associada ao folclore vampírico. O Dr Juan Gómez-Alonso, neurologista no Hospital Xeral emVigo, Espanha, examinou esta possibilidade num relatório publicado no periódico Neurology A susceptibilidade a alho e à luz pode resultar da hipersensibilidade, um dos sintomas da raiva. A doença pode também afetar partes do cérebro, causando um distúrbio nos padrões normais do sono (e assim um comportamento noturno) e hiper-sexualidade. Lendas antigas diziam que um homem não tinha raiva se conseguisse olhar para o seu próprio reflexo - uma alusão à lenda sobre vampiros não terem reflexo. Lobos e morcegos, que são muitas vezes associados aos vampiros, podem ser portadores de raiva. A doença pode também levar a um desejo de morder os outros e a espumar sangue da boca.

Fonte: Wikipédia.









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