O Dia das Bruxas (Halloween é o nome original na língua
inglesa e pronuncia-se: /hæləʊˈiːn
; /hæloʊˈiːn) é um
evento tradicional e cultural, que ocorre basicamente em países de língua
inglesa, mas com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e
Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações dos antigos povos (não
existem referências de onde surgiram essas celebrações).
Etimologia
O primeiro registros do termo "Halloween" é de
cerca 1745. Derivou da contracção do termo escocês "Allhallow-even"
(véspera de Todos os Santos) que era a noite das bruxas.
Posto que, entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e 1° de
novembro, ocorria a noite sagrada (hallow evening, em inglês), acredita-se que
assim se deu origem ao nome actual da festa: Hallow Evening → Hallowe'en →
Halloween. Rapidamente se conclui que o termo "Dia das bruxas" não é
utilizado pelos povos de língua inglesa, sendo essa uma designação apenas dos
povos de língua (oficial) portuguesa.
Outra hipótese é que a Igreja Católica tenha tentado
eliminar a festa pagã do Samhain instituindo restrições na véspera do Dia de
Todos os Santos. Este dia seria conhecido nos países de língua inglesa como All
Hallows' Eve.
Essa designação se perpetuou e a comemoração do halloween,
levada até aos Estados Unidos pelos emigrantes irlandeses no século XIX, ficou
assim conhecida como "dia das bruxas", uma lenda histórica.
História
A origem do halloween remonta às tradições dos povos que
habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a .C. e 800 d.C., embora
com marcadas diferenças em relação às atuais abóboras ou da famosa frase
"Gostosuras ou travessuras", exportada pelos Estados Unidos, que
popularizaram a comemoração. Originalmente, o halloween não tinha relação com
bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain,
celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão (samhain
significa literalmente "fim do verão").
A celebração do Halloween tem duas origens que no transcurso
da História foram se misturando:
Origem Pagã
A origem pagã tem a ver com a celebração celta chamada Samhain,
que tinha como objetivo dar culto aos mortos. A invasão das Ilhas Britânicas
pelos Romanos (46 A .C.)
acabou mesclando a cultura latina com a celta, sendo que esta última acabou
minguando com o tempo. Em fins do século II, com a evangelização desses territórios,
a religião dos Celtas, chamada druidismo, já tinha desaparecido na maioria das
comunidades.
Pouco sabemos sobre a religião dos druidas, pois não se
escreveu nada sobre ela: tudo era transmitido oralmente de geração para
geração. Sabe-se que as festividades do Samhain eram celebradas muito
possivelmente entre os dias 5 e 7 de novembro (a meio caminho entre o equinócio
de verão e o solstício de inverno). Eram precedidas por uma série de festejos
que duravam uma semana, e davam ao ano novo celta. A "festa dos
mortos" era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o que para
os cristãos seriam "o céu e a terra" (conceitos que só chegaram com o
cristianismo).
Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de
felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. A festa era celebrada com
galinhas presididos pelos sacerdotes druidas, que atuavam como
"médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também
que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares
e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.
Origem Católica
Desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para
festejar "Todos os Mártires". Três séculos mais tarde o Papa
Bonifácio IV († 615) transformou um templo romano dedicado a todos os deuses
(Panteão) num templo cristão e o dedicou a "Todos os Santos", a todos
os que nos precederam na fé.
A festa em honra de Todos os Santos, inicialmente era
celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa Gregório III († 741) mudou a data para
1º de novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na
Basílica de São Pedro, em
Roma. Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou
que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente.
Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração
vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de outubro). Na
tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de
Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e "All
Hallow Een" até chegar à palavra atual "Halloween".
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Se analisarmos o modo como o Halloween é celebrado hoje,
veremos que pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos
mortos, mas com um caráter completamente distinto do que tinha ao princípio. Além
disso, foi sendo pouco a pouco incorporada toda uma série de elementos
estranhos tanto à festa de Finados como à de Todos os Santos.
Entre os elementos acrescidos, temos por exemplo o costume
dos "disfarces", muito possivelmente nascido na França entre os
séculos XIV e XV. Nessa época a Europa foi flagelada pela Peste Negra e a peste
bubônica dizimou perto da metade da população do Continente, criando entre os
católicos um grande temor e preocupação com a morte.
Multiplicaram se as Missas na festa dos Fiéis Defuntos e
nasceram muitas representações artísticas que recordavam às pessoas a sua
própria mortalidade, algumas dessas representações eram conhecidas como danças
da morte ou danças macabras.
Alguns fiéis, dotados de um espírito mais burlesco,
costumavam adornar na véspera da festa de finados as paredes dos cemitérios com
imagens do diabo puxando uma fila de pessoas para a tumba: papas, reis, damas,
cavaleiros, monges, camponeses, leprosos, etc. (afinal, a morte não respeita
ninguém). Também eram feitas representações cênicas, com pessoas disfarçadas de
personalidades famosas e personificando inclusive a morte, à qual todos
deveriam chegar.
Possivelmente, a tradição de pedir um doce, sob ameaça de
fazer uma travessura (trick or treat, "doce ou travessura"), teve
origem na Inglaterra, no período da perseguição protestante contra os católicos
(1500-1700). Nesse período, os católicos ingleses foram privados dos seus
direitos legais e não podiam exercer nenhum cargo público.
Além disso, foram lhes infligidas multas, altos impostos e
até mesmo a prisão. Celebrar a missa era passível da pena capital e centenas de
sacerdotes foram martirizados. Produto dessa perseguição foi a tentativa de
atentado contra o rei protestante Jorge I. O plano, conhecido como Gunpowder
Plot ("Conspiração da pólvora"), era fazer explodir o Parlamento,
matando o rei, e assim dar início a um levante dos católicos oprimidos.
A trama foi descoberta em 5 de novembro de 1605, quando um
católico converso chamado Guy Fawkes foi apanhado guardando pólvora na sua
casa, tendo sido enforcado logo em seguida. Em pouco tempo a data converteu se numa
grande festa na Inglaterra (que perdura até hoje): muitos protestantes a
celebravam usando máscaras e visitando as casas dos católicos para exigir deles
cerveja e pastéis, dizendo lhes: trick or treat (doce ou travessuras).
Mais tarde, a comemoração do dia de Guy Fawkes chegou à
América trazida pelos primeiros colonos, que a transferiram para o dia 31 de
outubro, unindo a com a festa do Halloween, que havia sido introduzida no país
pelos imigrantes irlandeses. Vemos, portanto, que a atual festa do Halloween é
produto da mescla de muitas tradições, trazidas pelos colonos no século XVIII
para os Estados Unidos e ali integradas de modo peculiar na sua cultura. Muitas
delas já foram esquecidas na Europa, onde hoje, por colonização cultural dos
Estados Unidos, aparece o Halloween enquanto desaparecem as tradições locais.
Novos elementos do Halloween
A celebração do 31 de Outubro, muito possivelmente em
virtude da sua origem como festa dos druidas, vem sendo ultimamente promovida
por diversos grupos neo-pagãos, e em alguns casos assume o caráter de
celebração ocultista. Hollywood fornece vários filmes, entre os quais se
destaca a série Halloween, na qual a violência plástica e os assassinatos
acabam por criar no espectador um estado de angústia e ansiedade.
Muitos desses filmes, apesar das restrições de exibição,
acabam sendo vistos por crianças, gerando nelas o medo e uma idéia errônea da
realidade. Porém, não existe ligação dessa festa com o mal. Na celebração atual
do Halloween, podemos notar a presença de muitos elementos ligados ao folclore
em torno da bruxaria. As fantasias, enfeites e outros itens comercializados por
ocasião dessa festa estão repletos de bruxas, gatos pretos, vampiros, fantasmas
e monstros, no entanto isso não reflete a realidade pagã.
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